Visitei a Rádio Nacional...


...e fiz esta crônica:(fins de 2004)

A infância na “noite”

Manhã de sábado. Rio de Janeiro Praça Mauá. Rádio Nacional.
Lá estou eu com a neta Giulia e o Coral “Agnes Moço” de Niterói. Apresentação e gravação no programa: “Rádio Maluca” com Zé Zuca – “Para crianças e quem gosta delas.”
11 horas da manhã.
Todos seguem apressados para o auditório “Radamés Gnattali”. Breve ensaio antes de entrar no ar.
Eu, filha de radialista que sou, fico para trás. Gostaria de conhecer melhor a rádio, mas – “é sábado” (explicou o funcionário) – os estúdios estão fechados.
Fico eu e minha “menina”. Túnel do tempo. Tenho agora 10 anos. A mesma idade de Giulia.
Minha memória afetiva leva-me à Rádio Cultura, ao auditório do Bandeirantes da Lapa... Lembro-me da minha Campos. Dos artistas locais. Dos conjuntos regionais... Do meu pai Waldir Carvalho (que também já esteve aqui na Rádio Nacional).
Nos corredores aveludados as fotos em tamanho natural. Artistas como Paulo Gracindo, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Cauby Peixoto, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Francisco Alves, Luiz Gonzaga formam um coral evocando canções que teimam em não sair de minha mente.
Oscila nas lembranças. Vou ao passado. Volto ao presente, como era ouvir rádio na infância em que a sintonia escapava...
Tenho que tirar os óculos. Limpo as lágrimas que embaçam as lentes. Peço que não turvem as recordações.
Refaço-me.
Situo-me no presente.
Entro no auditório.
O programa começa. Divertido. Eclético.
O coral se apresenta.
Fixo o olhar em Giulia. Todos cantam cheios de entusiasmo.
Emoção. Encantamento.
Terminada a apresentação mostro as fotografias dos artistas para a neta. Depois contarei para ela “por onde andei” enquanto o programa não começava...
E no ato final ainda fico para trás. Olho pela janela do arranha-céu. Rádio Nacional. 23 andares.
Juro ter visto entre as nuvens a dupla - “Sônia Maria e Cícero Ferreira” -  se apresentando para uma platéia de anjos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alzira Vargas: O parque do abandono

Carta de despedida de Leila Lopes