Imagine na Copa- parte III
Paulo Vinícius Coelho
Há discussões recorrentes da organização dos
grandes eventos. Algumas delas são equívocos que se repetem em outros
lugares do mundo: "Vocês falam sobre a condição dos estádios, mas na
Itália e na África do Sul a situação era muito pior um ano antes das
Copas do Mundo que esses países organizaram", disse o jornalista
italiano Luca Calamai, da Gazzetta dello Sport, no dia de Brasil x
Inglaterra, no Maracanã.
Alguns erros, no entanto, não podem
ocorrer. O Uruguai não pode não saber onde treinar. E a situação do
Centro de Credenciamento em Brasília na tarde de quinta-feira é
absolutamente vergonhosa.
Digo vergonhosa e emendo: senti vergonha
porque sou brasileiro (não de ser brasileiro) e vi os organizadores,
brasileiros como eu, incapazes de resolver o problema. Um jornalista
dinamarquês desesperado por precisar trabalhar dentro do estádio Mané
Garrincha e não conseguir a credencial para ter acesso ao local
determinado.
A situação se criou a partir das 15h, quando o Centro
de Credenciamento fechou. A informação oficial era de que não havia
mais material para confeccionar as credenciais. "O número de jornalistas
superou a expectativa", disse um voluntário.
A informação foi
imediatamente levada ao ar no Bate Bola da tarde, por Cícero Mello e eu,
que não pude me credenciar justamente pelo problema citado.
Antes
de sair do Mané Garrincha e seguir para o treino da seleção brasileira,
no Centro de Capacitação do Corpo de Bombeiros, voltei ao local do
crime, para tentar entender se haveria solução. Estava pior. Um
jornalista mexicano e outro dinamarquês não conseguiam nem a credencial,
nem a informação adequada.
Pior do que ter um problema é a
incapacidade de resolver. Pior do que ser incapaz de resolver é a
tentativa de fugir da responsabilidade. Às 15h50, não havia um
coordenador responsável. O voluntário na porta do Centro de
Credenciamento dizia não ser sua responsabilidade, o típico "não é
comigo!"
Como não? O voluntariado prevê a tentativa de ajudar.
"Eu não falo inglês e não posso ajudar", dizia o voluntário.
O
coordenador, Leandro, apareceu minutos depois. Ouviu sobre a
necessidade de solucionar pelo menos o problema dos que precisavam
entrar no estádio, como o jornalista dinamarquês. Pareceu preocupado,
mas não capaz de solucionar a questão.
Traduzi a situação para o
jornalista dinamarquês, aquele que precisave de ajuda para entrar no
Mané Garrincha. "É uma vergonha", ele disse.
É, sim! Pena.
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