Atração
Walnize
Carvalho
O conheço,
praticamente, de vista. Não tenho com ele qualquer intimidade.
Oportunidade
de aproximação até tive, já que familiares e ele são velhos conhecidos. Mas, no
dizer popular, não houve a “química”...
Consta que
ele desperta paixão em muitos que o acompanham. E paixão – convenhamos – é
sentimento arrebatador, que, na maioria das vezes, se desdobra em sofrimento ou
euforia.
Há os que
fazem dele sua profissão de fé e marcham em filas ruidosas e intermináveis
esperando a hora de sua atuação.
Sabe-se que
tem o condão de juntar ombros, entrelaçar mãos, fortalecer amizades e também
desfazer parcerias, calar diálogos, acentuar hostilidades dado o seu poder de
atração.
Consegue,
não raro, silenciar multidões como exasperar um solitário fã que o vê na tevê
ou o ouve no rádio.
Seus fiéis
seguidores vestem literalmente a camisa e são capazes de passar “belas tardes
de domingo” em sua companhia, o que redunda no dia seguinte em comentários
matinais nas filas de padarias, de bancos, de casas lotéricas, nas rodas de
frequentadores do centro da cidade. Isso faz a segunda-feira amanhecer com o
desfile de pessoas de sorriso largo nos lábios contrapondo a outras de
semblante fechado no ir e vir frenético de mais uma semana que, praticamente,
se inicia...
Tarde de
domingo.
No silêncio
do meu quarto tento escrever sobre o que não sei dizer.
No meu
registro de observações ele aparece como algo envolvente, carismático, sociável
e popular. E a maior de todas as certezas: não consegue nutrir indiferença
mesmo naqueles (que como eu) não o conhecem de perto.
Tarde de
domingo.
A calma
reinante é interrompida. Percebo que há movimentação lá fora.
Carros
passam com sua buzinas estridentes.
Ouço passos
de pessoas que caminham apressadas indo ao encontro do espetáculo.
Em casa e
em outros lares admiradores preferem acompanhar a sua performance em rádios e
tevês.
Tarde de
domingo.
A atração
vai começar – o FUTEBOL.
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