Sonho de consumo
Walnize Carvalho
Passava sempre que podia pelo Centro da cidade. Em
especial, por aquela rua. Por aquela loja. Por aquela vitrine.
E ficava horas olhando para o
objeto cobiçado.
Seguia. Ela e seu devaneio.
Atravessava a rua apressada, pois
a noite já estava por chegar.
Chegava à casa cansada e de forma
rotineira: banho, geladeira, tevê, cama... e a leitura de um livro de
cabeceira.
Dormia e sonhava com personagens
lidos. Que faziam-lhe companhia também durante o dia, já que no trabalho, vez por
outra, adquiria ares de distanciamento da Terra...
Prosseguia a vida e vez por outra
passava pelo Centro da cidade, por aquela rua, por aquela loja, por aquela
vitrine.
Tarde chegou.
Decidida entrou com um brilho no
olhar.
Aproximou-se do balcão.
Dirigiu-se do atendente da
livraria.
Solicitou-lhe que lhe mostrasse a
coleção completa do seu poeta predileto.
Não mais livros emprestados. Não
mais livros usados. Por puro capricho seu, agora desejava que fosse assim...
Folheou o primeiro volume.
Aspirou o seu perfume...
Abriu a bolsa.
Contou o dinheiro... Efetuou a
compra.
Revestida de felicidade saiu pela
rua sentindo-se vitoriosa pois havia conseguido reunir suas economias, quitar
suas dívidas, e finalmente satisfazer o seu sonho de consumo.
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