E assim como eu...
...muitos dos seus ex-alunos aprenderam lições inesquecíveis.
Manhã de maio
Dela, obtive o incentivo de concorrer a um prêmio literário estadual (ao tempo do Curso Normal no IEPAM) com minha crônica -poema (assim ela classificou ) e ser premiada.
Aqui está:
Manhã de maio
(Crônica-poema)
9 e 15: Manhã ensolarada
bicicletas
moça varrendo:
-
uma buzina estridente,
-
uma anciã espantada.
E eu, debruçada no portão,
olhando o mundo lá fora...
A menina espana a grade,
espiando a rua.
-
Oi, bom dia!
-
Bom dia!
Os olhos caminham:
“Aluga-se esta casa.”
Um adeus
sorrisos coloridos.
Caixotes cheios de lixo,
-
jardins vazios de flores...
E eu, debruçada no portão,
olhando o mundo lá fora...
Uma carroça: - Ôa burro!
Alguém espera o ônibus!
Uma moça segura a peruca
Calças Lee
Trá, trá, trá
a banda toca
Toc, Toc, Toc
-
uma mulher de sapato alto.
-
Um menino descalço.
Ônibus: pessoas brancas, pretas,
Vermelhas e amarelas,
indo para o mesmo fim.
E eu, debruçada no portão,
olhando o mundo lá fora.
Um velho coça a cabeça,
ensimesmando
carros parados me olhando.
20 para as 10.
Ainda no portão
olhando o mundo lá fora.
Bi, Bi, Bi – a moça olha,
a velha corre.
E eu, debruçada no portão,
olhando o mundo lá fora.
Um urubu corta o azul.
Toc, Toc, Toc
a mulher de sapato alto.
Gente parada na calçada,
gente andando,
pessoas sorrindo
crianças brincando.
Uma jovem espera o carteiro,
que não chega...
Um preto sorri:
-
sorriso branco.
O pregão antigo, na hora presente:
-
laranja cravo, seleta, banana,
-
olha o bananeiro!
E eu, debruçada no portão,
olhando o mundo lá fora.
A moça vaidosa...
-
Ó o leite!
A empregada faceira...
A mulher da rua.
Uma criança no ônibus,
Sorrio: ela não!
O homem abóbora do Super Gasbrás
gente partindo...
Gente chegando...
Sorrisos brancos, azuis e amarelos!
Fon...Fon...
-
Walnize!
(Walnize?!)
-
Sim, já vou.
Desperto.
E sei agora, que é manhã
10 horas.
Deixo o portão,
o mundo lá fora,
para voltar, então, para o meu mundo.
Walnize Pereira de Carvalho 1969
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