Devaneio
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Devaneio
Walnize
Carvalho
Imaginem se
pudéssemos chegar ao balcão de uma loja pedindo: - Embrulhe em papel de
presente (o mais vistoso) uma caixa recheada de Paz. Ou se ligássemos para um
hortifruti solicitando: - Separe duas dúzias (bem fresquinhas) de Harmonia e
traga no endereço tal. Ou se fizéssemos (via Internet) uma encomenda urgente de
três pacotes de Felicidade?!? No mínimo, significaria devaneio ou surto de loucura!
Mas se somos todos “loucos” por esta trilogia ( paz, harmonia e felicidade ) seria uma conquista e tanto.
Seria?
Convenhamos,
que se nos fartássemos de tais iguarias em tamanha proporção estaríamos fadados
à indigestão, tamanho peso no estômago e que antiácido algum daria jeito.
A escolha sensata é a de sempre saborearmos desses doces sentimentos
enumerados, em porções balanceadas e, se possível, mescladas com amargos sabores
(Dor, Tristeza e Saudade) o que torna a refeição – digamos assim – agridoce.
Se pensarmos bem, concluiremos
que a vida nos oferece um banquete de
cardápio variado. Só nos resta optar pelo “prato” a ser digerido.
À cada dia, desde o café da
manhã pesamos na balança do bom senso nossas decisões.
Devemos observar com cautela, qual o caminho a seguir: ou renunciamos a um
projeto tão sonhado ou persistimos nele até que se concretize.
Muitas
vezes, por açodamento, procuramos o caminho mais curto, mas que nem sempre nos leva a lugar algum.
De outra
feita, somos tomados por forte indecisão. É como que chegássemos a um self service; parássemos
diante de variada gastronomia e nos indagamos: feijoada ou massa?...
No “bate e
rebate” do cotidiano estamos para perder
ou ganhar; lutar ou resignar; nos reprimir ou nos libertar.Não é esta a receita
de um bem viver?
Há dias em
que o choro nos lava a alma. Em contrapartida, há momentos em que o nosso riso
em excesso revela uma falsa euforia.
Repetimos à
exaustão: “Todos temos o direito de ir e vir”. Mas sabemos sempre quando ir ou
quando vir?...
Será
que avaliamos com precisão quando é a Razão ou o Coração que deve falar mais
alto? ...
São estas
indagações que dão tempero a nossa vida. Concordam?
Retomo ao
devaneio do início da crônica: ter por inteiro a Paz, a Harmonia e a Felicidade.Pura ilusão! Elas nos são servidas
em fatias!...
O interessante é nestes momentos cada um de
nós: apaziguar o coração, harmonizar o
espírito e se felicitar com os consagrados versos : “Felicidade...Esta
árvore milagrosa que supomos/ arriada de dourados pomos/ existe sim,/ mas nós
não a alcançamos/ porque está sempre onde a pomos/ e nunca pomos onde nós
estamos”
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