Situação do Ferreira Machado: E agora, Garotinho?
Quem vive em Campos e não é borra botas de Garotinho e sua turma, sabe
muito bem que a saúde em nosso município é uma piada de mau gosto. Um
(des) governo desleixado e que dá mais uma mostra dessa condição. Minha
solidariedade aos funcionários do Ferreira Machado e a todos que
precisam ser atendidos lá.
Do blog do Bastos, um dos mais combativos de nossa cidade:
"
Uma equipe do Ministério Público Federal
(MPF) esteve na manhã desta terça-feira (12) no Hospital Ferreira
Machado (HFM) e encontrou pacientes revoltados. Além da superlotação da
emergência, com diversos pacientes no corredor, a equipe do MPF, com
apoio da Polícia Federal (PF), ouviu relatos e fiscalizou setores da
unidade, como departamento pessoal, emergência e farmácia, além de
checar a escala de plantão. Após a vistoria, três profissionais
responsáveis por medicamentos e instrumento cirúrgico com prazos de
validade vencidos, teriam sido encaminhados à 134ª Delegacia de Polícia.
O diretor do HFM, Ricardo Madeira alega ter comparecido a delegacia
como testemunha.
Mais cedo, a equipe de reportagem da
Folha entrou em contato com um membro do MPF, que relatou a prisão em
flagrante de três responsáveis pelo HFM, entre eles o diretor Ricardo
Madeira. Porém, a delegada Nathála Patrão relatou que “foi lavrado um
auto prisão em flagrante de seis pessoas. Essas pessoas foram as
responsáveis por manter o remédio, o medicamento impróprio para consumo
armazenado. Então, a gente se direcionou pela responsabilidade penal
pessoal não lavrando prisão em flagrante em face do diretor do hospital,
que tem diversas funções e delega e apenas o responsável direto pela
manutenção deste medicamento impróprio para o consumo no armário é que
foi conduzido e preso em flagrante. Todos pagaram fiança e foram
liberados”.
Parte dos medicamentos vencidos foram
encontrados na farmácia da pediatria. Após deixar a Delegacia, no final
da tarde, Ricardo Madeira comentou: “Foram encontrados medicamentos
vencidos sim, mas, toda a equipe de saúde do hospital é orientada a
olhar o prazo de validade dos medicamentos antes de usá-los. Vamos abrir
processo administrativo para averiguar se houveram falhas e de quem”,
afirmou Madeira.
Entre os itens vencidos estavam
recipientes de coleta de sangue, vários frascos de glicose e algumas
unidades da ampola de injetável Clorpomax Clorpromazina, substância
antipsicótica clássica ou típica, sendo protótipo no tratamento de
pacientes esquizofrênicos.
Em entrevista à Inter TV, durante a
vistoria, uma senhora desabafou: “Isso é uma humilhação. Tem animal que é
melhor tratado em Pet Shop do que a gente aqui”. Um jovem, em uma maca
no corredor, disparou: “Estou aqui me sentindo um lixo. Faltam até itens
básicos para fazer a cirurgia. Além disso, não tinha ambulância para me
trazer. Enquanto isso, a cidade conta com um monte de ambulâncias
paradas”, protestou. A equipe da Folha da Manhã também esteve no local e
acompanhou a vistoria.
Uma jovem que acompanha a mãe também
aproveitou a presença do MPF para relatar um suposto descaso. “Minha mãe
está aqui há nove dias e não tem um diagnóstico. Ela sente muita dor e
ninguém sabe dizer o que é. Na noite passada fui pedir a uma enfermeira
para dar o remédio e ela disse que não atuava naquela ala. Depois,
enquanto jogava com seu celular, ainda disse que poderia dar, mas não
deu porque eu não fui educada. E finalizou dizendo que não poderia ser
demitida porque é concursada. Tem cabimento isso?”, disse a filha da
paciente.
A equipe do MPF também constatou o eterno
problema do elevador, que continua sem funcionar. Funcionários do HFM,
que preferiram ter a identidade preservada, contaram que um elevador não
estaria funcionando há cerca de três anos.
Segundo pacientes, a falta de leitos é a
principal dificuldade. “Tenho um familiar de 37 anos que sofreu uma
fratura na lombar e está internado desde o dia 20 de abril, sendo que já
vai completar um mês. É necessário que seja feita uma cirurgia, mas até
hoje nada foi feito e ele está aguardando desde então. Até agora não
sabemos quando ele vai operar”, disse.
O diretor do HFM, Ricardo Madeira,
informou que a porta de entrada do Ferreira Machado é grande, mas a de
saída é estreita. “Recebemos muitos pacientes. A maioria, por conta de
traumas. Antes, essa demanda era dividida com o Hospital Plantadores de
Cana e com a Beneficência Portuguesa, mas o número de atendimentos
nessas unidades diminuiu e estamos recebendo um número maior. Foi
estabelecido um contato com a Santa Casa de Misericórdia, que vai
colocar alguns leitos a nossa disposição a partir do dia 18,
segunda-feira próxima. Quero crer que o problema vai diminuir muito”,
comentou.
Indagado pela Folha sobre os problemas,
ela ressaltou que não faltam médicos ou medicamentos. “Para melhorar
questão de controle de frequência de médicos, catracas para ponto, com
previsão para junho, e câmeras, com previsão para julho, estão sendo
instaladas”, disse Madeira.
Sobre o elevador, Ricardo Madeira
explicou que já foi feita uma licitação e a instalação do novo
equipamento dependente de uma obra estrutural.
Em relação a denúncia sobre a enfermeira
que teria se negado a atender uma paciente, a assessoria do HFM informou
que a profissional deve ser identificada e o caso encaminhado à
Ouvidoria do hospital. A assessoria salientou que um processo
administrativo poderá ser aberto."
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