Visita anual
Walnize Carvalho
De repente, me
assustei com alguém postado na porta de uma loja.
Em
seguida, me perguntei: - Por que do meu espanto se ele é uma figura afável,
nada assustadora, carismática, tem ares de bonachão e carrega sempre um sorriso
doce nos lábios?
Na
verdade, não contava que ele já estivesse de volta. - Mas,já?!...balbuciei.
Deduzi
que em tempos modernos, por certo, ele deve ter trocado seu tradicional meio de
transporte (trenó) e prevendo o caos nos aeroportos ou engarrafamentos nas
estradas, em dezembro, optou por precaver-se e contratou um jatinho particular
e assim, antecipou sua visita anual.
Sabem
a quem estou me referindo? Ao Papai Noel solitário, que avistei na entrada de
um estabelecimento comercial. Ele e a sua tradicional vestimenta vermelha, suas
botas pretas, sua imensa barba branca, o saco de brinquedos nas costas, um sino
dourado em uma das mãos (cobertas de luvas brancas) e a sua conhecida saudação:
- Ho! Ho! Ho!...
Segui
murmurando repetidas palavras que trocamos com as pessoas, que encontramos no dia-a-dia:
- Nossa!... Como o tempo passa depressa! O ano já está indo embora! De repente,
já é Natal!...
Sorri, melancólica com a sensação
de que hora virá, que não teremos pernas para alcançar o Tempo
e constatei que, ironicamente, a Natureza também demonstra ter pressa.
Lembrei-me dos ipês que floresceram no
Inverno; da Primavera com ares de Verão; do Outono generoso que cede lugar às
outras estações...
A melodia natalina advinda de um carro
de som, que passava na rua, me transportou à
natais distantes, onde “o sapatinho era colocado na janela do quintal e
Papai Noel deixava o presente de Natal”...
Fui despertada e segui, impulsionada, pensando nas sábias
palavras ditas pelo saudoso poeta, ator e compositor Mário Lago: “Eu não posso
ficar sentado na calçada vendo a banda passar; eu tenho é que fazer parte
dela”.
E pensando em tempos atuais e apressados,
indaguei com meus botões: - Quem sabe, na próxima saída matinal, estarei dando
de cara com o Rei Momo?!
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