foto:walnize Ressaca e despedida Walnize Carvalho Hic! Um soluço interminável, um peso enorme na cabeça (como se pousasse sobre ela um elefante), um gosto amargo na boca – gosto de cabo de guarda-chuva, dizem alguns -, náusea, mal estar, “estômago embrulhado” e o olhar distante fixado em lugar algum. Sabem de quem estou falando? Da famosa ressaca que, principalmente, nos últimos dias (dias que sucedem ao carnaval) a muitos abate. Estranhamente reconheço, que tenho quase todos os sintomas citados, embora não ingira bebida alcoólica, nem tão pouco tenha participado da festa. Sou tomada de uma leve prostração, de desalento, de incômodo. Movida de certa nostalgia percebo, que também estou de ressaca, mas de uma ressaca atípica: a ressaca da despedida. É hora de retornar da temporada de veraneio. É tempo abrir o armário, pendurar a fantasia e buscar vestimentas adornadas de bom senso, otimismo, sobriedade e esperança... É tempo de apagar luzes, fechar janelas, recolher redes nas varandas......