Crônica de sábado


O circo

Walnize Carvalho

Achou melhor ir à primeira sessão. Estava mais descansada.
Assim pensando, lá chegou. O picadeiro armado.
O espetáculo começando: a jovem da corda bamba, o engolidor de fogo, o homem de perna de pau, o mágico, a contorcionista e outros personagens.
Assim foi que, naquela manhã, a mulher resolveu ir cedo as compras natalinas.
O circo?As ruas da cidade. O picadeiro? As lojas e o movimento frenético.
Viu as pessoas na corda bamba, andando nas estreitas calçadas, driblando carros e transeuntes.
Viu o engolidor de fogo- o comerciante na porta da loja, aos gritos, chamando a atenção dos fregueses.
Viu o homem de perna de pau, com o tabuleiro de anúncios ( equilíbrio invejável).
Viu o mágico – assalariado desdobrando o décimo terceiro em mil presentes. E a contorcista - ela mesma - espremida pessoas, presentes e carros.
Carregando sacolas, como equilibrista, retornou a casa.
Se deu a pensar em quantos que assistiam ao espetáculo e que não se lembravam d’Aquele que, lá do alto, sustenta as cordas e lonas.
Se refez. Fixou o pensamento no palhaço que anima as crianças.
Pensando assim, a mulher achou que valeu a pena o ingresso que pagou pela alegria, que por certo, dará à netinha ( a mais nova) em mais um Natal.

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