Cronicando no sábado


A arte dos 30

Walnize Carvalho

Chegar aos 30 anos é uma arte. Arte de dissimular que não chegou.
Um belo dia você acorda e se dá conta que faltam dois meses para a travessia...
De um só pulo (quem disse que foi tão lépida assim!) caminha até o espelho e do outro lado não se reconhece: - Quem é aquela que me espia e me analisa?
Vai até o armário em busca do jeans (de marca, carésimo!) põe sobre a cama, dirigi-se à mesa e toma um magro café já prevendo a “tragédia” que se sucede.
Retorna ao quarto e começa a vestir o ”indigo blue”... que não cabe!
Pânico instalado e correria: analista, nutricionista, cirurgião plástico ... Tudo “ao mesmo tempo agora”.
Eu, que já estou prestes a dar a segunda volta (faltam poucos dias para os 60), sorrio apaziguada e tento ilustrar esta idade tão marcante (especialmente) para a mulher.
A mulher de trinta sempre foi observada, cantada e musa .inspiradora. O cantor Miltinho fez enorme sucesso com os versos: “Você mulher/ Que já viveu/ Que já sofreu, não minta/ Um triste adeus/ Nos olhos seus/ A gente vê mulher de trinta”.
Como esquecer a expressão balsaquiana, cunhada após a publicação do livro ”As mulheres de 30 anos”, do francês Honoré de Balzac, e que virou referência para enaltecer o vigor e o amadurecimento da figura feminina?
Na pintura, Botero desenvolveu seu estilo inconfundível em retratar imagens “de raparigas de peles alvas e acetinadas” e de corpos fartos. Muitas destas telas são admiradas por leigos e colecionadores. Prova de que beleza não está somente ligada a padrões ditados pela sociedade de consumo.
Sem querer teorizar e nem plagiar os versos de Lupicínio Rodrigues falando “essas moças/ pobres moças/ ah! se soubessem o que eu sei” diria às meninas de 30: toda idade é boa para repensar a vida, escolher novas estradas, dar uma repaginada nos conceitos e preconceitos. Se preparem para o amadurecimento (chegada das próximas idades) e como disse Chanel: “É preciso merecer o rosto dos 50”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alzira Vargas: O parque do abandono

Carta de despedida de Leila Lopes