Mudou a festa ou mudamos nós?


Walnize Carvalho

Seis de agosto. Festa do Santíssimo Salvador.
A memória afetiva vai em busca de tempos idos, quando a programação assim sinalizava: uma parte religiosa e uma parte profana.
Atendendo a diferentes públicos, do programa da festa constavam: alvorada, novenário, missa campal, crisma, ladainhas com o coral do Conservatório de Música.
Antes da procissão - ponto alto das comemorações - havia o desfile de bandeiras.
Para a missa solene, acorriam famílias representativas da sociedade, que se incumbiam de ornamentar o altar.
Ao mesmo tempo, acontecia a prova ciclística e, sobre as águas do Paraíba, eram apreciadas as famosas Regatas. Partidas de futebol eram disputadas entre os consagrados times Americano e Goitacaz, sem contar com a grande movimentação do Centro Galístico da rua do Gás...
Na semana das festividades, ocorriam as retretas a cargo da Lira Guarani, da Sociedade Musical Operários Campistas e Lira Apolo, com músicos em uniforme de gala, que executavam verdadeiros concertos ao ar livre, levando ao povo, entre outras peças, a Ópera: “O Guarani”. Tais execuções dividiam-se entre os coretos das praças São Salvador e das Quatro Jornadas.
Aconteciam também inúmeras exposições, que iam de trovas, de livros de autores campistas a canários...
Como esquecer o esmero dos lojistas para a disputa do concurso de vitrinas , ao longo da avenida Sete e rua João Pessoa ? E as barraquinhas de jogos, de guloseimas, além dos vendedores de bandeirinhas, bolas coloridas, algodão doce...
À tardinha, as atenções se dirigiam para a sempre bem vinda exibição arrojada da Esquadrilha da Fumaça...
Shows artísticos com nomes nacionais e artistas locais, que faziam sucesso no Rádio, atraiam pessoas de toda faixa etária ao entardecer.
No fim da noite, em clima de confraternização, campistas e visitantes apreciavam a beleza dos fogos de artifício lançados aos céus e refletidos nas serenas águas do Rio Paraíba...
Chegamos à festa de número 359.
Na programação, tradicionais eventos ainda ocorrem.
O que difere, talvez, seja a mudança de espaços físicos e de público presente.
A diferença - creio - se dá pelo fato de que havia um cunho religioso e cívico muito marcantes e que em tempos atuais, tornando –se uma festa popular, vem de agrado aos que, em busca de mera diversão, se deslocam neste dia, para o centro da cidade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alzira Vargas: O parque do abandono

Carta de despedida de Leila Lopes