Índia, a bola da vez

Estudantes em confronto com a polícia durante o segundo dia de protesto na Universidade de Osmania, em Hyderabad, Índia. Fotos de Mahesh Kumar A./AP

A Índia é um país que tem muito em comum com o Brasil. Está num momento de crescimento econômico, tem uma base industrial relevante e uma reserva de tecnologia importante entre os Brics. No entanto, dividimos algumas mazelas. Desigualdade social acentuada e corrupção generalizada.

Talvez por isso, nem a enraizada herança do pacifismo de Ghandi naquela sociedade foi capaz de evitar uma onda de protestos contra a corrupção governamental. Várias cidades estão explodindo em ondas de revolta indgnada contra os desmandos políticos que levam à corrupção, mal versação do dinheiro público, favorecimentos aos compadres no butim, enfim, um quadro já conhecido por nós, brasileiros. Mais de 4.200 manifestantes em Bombaim e Nova Déli foram presos nas últimas horas, mas o governo se viu obrigado a liberar o líder ativista Anna Hazare.

Há pouco tempo, um correspondente espanhol escreveu um artigo amplamente divulgado pela mídia estranhando, do SEU ponto de vista, a falta de mobilização da juventude brasileira em forma de protestos contra a corrupção, desigualdade social, violência urbana, falta de transporte de qualidade, hospitas e escolas sucateados, etc, etc...Foi chamado pelos que se auto intitulam "progressistas" de desinformado, ignorante da realidade do seu próprio pais, etc... Digo auto intitulam, porque não se dão conta do ridículo do cabotinismo embutido nas auto denominações.


Algumas semanas depois, vimos o presidente da outrora combativa UNE, agora cooptada pelo Governo Federal, defendendo veementemente o uso do dinheiro público para bancar o último congresso nacional realizado, como foi também amplamente divulgado. Os "progressistas" acham justo, mas eu penso que isto explica em parte a inércia em que se encontra nossa juventude. A leitura político partidária desvirtua a percepção do real momento em que vivemos e criticar é uma atividade perigosa.

Enquanto isso, no teatro político de Brasília, vemos a "faxineira" chamar a corja aliada aos salamaleques palacianos onde sopinhas e petiscos foram usados para acalmar a pretensa revolta dos que não tem do que se revoltar além da evidente chantagem de quem se sabe parte da equação do poder.

Se no nosso presidencialismo de coalisão, a convivência com a promiscuidade é imperativa e inevitável, por que em 4 mandatos FHC e Lulalá não levaram adiante uma reforma política que apontasse para outra direção que não esta que segue desgraçando, apequenando, acanalhando o Brasil, entra presidente, sai presidente?

Simples, meus caros. Porque o projeto PESSOAL de poder está acima do projeto de país.

Tanto do doutor quanto do operário.

O Brasil segue à deriva, não nos revoltaremos.

Queremos ser pobres.

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