A família da atriz Leila Lopes divulgou ontem, parte do conteúdo de uma das cartas que a atriz deixou para os parentes. Em um trecho ela escreve: Eu não quero envelhecer e sofrer. Confira abaixo: "Eu não me suicidei, eu parti para junto de Deus. Fiquem cientes que não bebo e não uso drogas, eu decidi que já fiz tudo que podia fazer nessa vida. Tive uma vida linda, conheci o mundo, vivi em cidades maravilhosas, tive uma família digna e conceituada em Esteio, brilhei na minha carreira, ganhei muito dinheiro e ajudei muita gente com ele. Realmente não soube administrá-lo e fui iludibriada por pessoas de má fé várias vezes, mas sempre renasci como uma fênix que sou e sempre fiquei bem de novo. Aliás, eu nunca me importei com o ter. Bom, tem muito mais sobre a minha vida, isso é só para verem como não sou covarde não, fui uma guerreira, mas cansei. É preciso coragem para deixar esta vida. Saibam todos que tiverem conhecimento desse documento que não estou desistindo da vida, estou em b
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Chegou ao seu local de trabalho bastante sorumbático.
Foi o bastante para causar surpresa a todos os que com ele militavam diariamente.
Transpirava muito e com o semblante fechado, não era aconselhável dele se aproximar.
Não se podia entender se pela manhã estava ótimo, por que à tarde se encontrava assim.
As ilações começaram a ser formadas, ora isoladamente, ora em grupo. Mas a verdade é que todos buscavam uma explicação.
Ficou trancado em seu gabinete de trabalho e de lá não saia nunca, nem para o costumeiro cafezinho, em pé, na cantina.
E olha que diante do fato de ser detentor de cargo de chefia, tinha o privilégio concedido pela empresa para que fosse servido à sua mesa.
Mas não usava da prerrogativa, a não ser quando estivesse atendendo a algum cliente é que pedia água, cafezinho e às vezes até, um ligeiro lanche.
De maneira geral, no entanto, como já dito, preferia o papo descontraído e em pé, naqueles momentos de relaxamento mental.
As horas foram se passando e nada de ninguém entender.
Alguém lá com alguma intimidade familiar, principalmente com a sua esposa, ficou a imaginar se teria acontecido alguma coisa em sua casa, pois voltara do almoço furibundo.
Um colega, no entanto, que fora dele contemporâneo de Faculdade, tratou de quebrar o gelo e enfrentar o “bravo”.
Não estava entendendo, pois ele sempre fora cordial e afável com todos, jamais tendo tomado qualquer manifestação de desagrado público com ninguém, do contínuo ao seu imediato substituto, e agora, se viam naquela situação.
Quando então veio a explicação:
O seu mal estar se dava conta em razão de antes do ensino superior, ter feito, como forma de valorizar o currículo, diversos curso suplementares.
Cada oportunidade que aparecia não a deixava passar despercebida.
Revendo em casa junto à esposa a sua “coleção” de diplomas e certificados, se lembrou do “Curso Prático de Leitura dos Sonhos”.
Foi o bastante.
Procurou o antigo “professor”, reivindicou o documento comprobatório, no que foi informado que só lhe seria liberado com pagamento de “taxa de baixa de curso”, “taxa de confecção de certificado” e, por último, “taxa de arquivamento”, pois, decorridos mais de vinte anos da conclusão daqueles “importantes ensinamentos” os valores eram agora consideráveis.
Mas conversando se refez e na oportunidade seguinte do cafezinho em pé na cantina, desabafou:
--Que bobagem do professor, só porque fiquei devendo aquelas taxinhas não me quis entregar o certificado.
--Além do mais, foi lá que, como colega, conheci a minha mulher.
--Tinha que ficar ou não irritado por aquele desfalque na minha coleção?
Francisco Alberto Sintra