Que assim seja!!!!

Dilma inicia mandato com marca própria

Gerson Camarotti, O Globo

Com pouco tempo de mandato, a presidente Dilma Rousseff deu sinalizações claras de que não vai passar pela História como a presidente que apenas deu continuidade à gestão de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela deseja deixar sua marca própria nos quatro anos de governo e se diferenciar da administração anterior.
Segundo ministros ouvidos pelo GLOBO semana passada, já há uma disposição da atual gestão de se afastar do discurso do continuísmo, que teve ênfase na campanha eleitoral.
No Palácio do Planalto, há um consenso de que bater na tecla do "continuísmo" diminui o papel de Dilma. Discretamente, assessores diretos da presidente tentam diminuir ao máximo o nível de atrito com antigos integrantes do governo Lula, principalmente após as diferenças acentuadas nas primeiras semanas de governo Dilma.
- A alternância de estilo causa um aspecto positivo e oxigena o governo. Mas não vejo por que Lula ter ciúmes daquilo em que ele apostou - disse o governador Jaques Wagner (PT-BA), interlocutor próximo de Dilma e Lula.
- Não tem modelo pior ou melhor. São estilos muito diferentes. O Lula era palanqueiro e Dilma, não - diz o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Mas há o reconhecimento interno de que essas diferenças são mais profundas do que uma simples mudança de estilo. Em vários casos, há um confronto direto com o governo Lula.
Isso fica mais evidente na condução da política externa. A quebra do continuísmo ainda aparece com força na condução da política econômica, na nova ênfase de gestão do governo e na relação firme com os aliados, nas negociações de cargos de segundo escalão.
- Dilma não terá preocupação com a popularidade imediata. Não fará qualquer coisa pela reeleição. Essa é sua diferença. Vai se concentrar na administração do governo e evitar muito uma agenda congressual para não ficar dependente de aliados. Em relação à política externa, não tem ambição de ser um grande líder mundial, como Lula. Sem essa necessidade de ganhar projeção internacional, Dilma deve facilitar muito a retomada de uma política externa conduzida pelo Itamaraty - disse um ministro próximo a ela.

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