Centenário de Noel Rosa


Texto de João Máximo(segundo caderno de "O Globo")

"Noel Rosa (1910-1937) foi um letrista de ideias, a ponto de, com exagero, ser visto como “filósofo”. Alma de cronista, fazia de personagens e episódios da cidade a matéria-prima de grande parte de seus sambas. Muitos têm caráter autobiográfico. Contando histórias vividas ou testemunhadas por ele, seus sambas permitem conhecê-lo um pouco melhor. Era um carioca que se interessava por política e gostava de pensar o Brasil, embora, definindo-se como “malandro medroso”, fosse menos explícito do que os tempos permitiam (“Quanto é que vai ganhar o leiloeiro, que é também brasileiro, e em três lotes vendeu o Brasil inteiro?”, ou “Comparo o meu Brasil a uma criança perdulária, que vive sem vintém e tem a mãe que é milionária”, ou ainda “E o povo já pergunta com maldade: onde está a honestidade?”). Um fixador de tipos (João Ninguém, Maria Fumaça, Mulata Fuzarqueira, Mulato Bamba, a Dama do Cabaré) Unanimidade quanto à riqueza da obra, o pensador é mais polêmico hoje do que em vida. . Infeliz no amor, é contraditório ao tratar a mulher, bem às vezes, mal quase sempre. Um antirromântico. E um gênio da raça. Viveu pouco (apenas 26 anos, quatro meses e 23 dias) e deixou uma obra cuja permanência, única, é difícil de explicar...”

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